terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Programete 12 - O jornal "Última Hora"



O Última Hora foi um dos grandes jornais brasileiros do século XX. Criado por Samuel Wainer, em 1951, circulou por 21 anos. Wainer era um jornalista experiente, trabalhou como correspondente da Segunda Grande Guerra Mundial. Dirigiu uma revista de cultura e política na década de 40, chamada Diretrizes.

Na campanha presidencial de 1950, Wainer entrevistou Getúlio Vargas. Os dois se tornaram aliados. Após a vitória na eleição, Vargas quis um jornal para divulgar as ações do seu segundo governo para atingir as massas. Wainer aceitou a proposta de ter um diário e dar apoio político à Vargas.

O jornal Última Hora representou os interesses dos setores populares e operários sem ser popularesco. Até então, nenhum grande veículo de imprensa havia feito isso. O trabalhador, que só aparecia nas notícias policiais, nas páginas do Última Hora, passou a ser interlocutor político da imprensa. E seu posicionamento político era aberto.

O jornal defendia as causas nacionalistas, o Partido Trabalhista Brasileiro o PTB. Fazia oposição à União Democrática Nacional, o partido mais conservador da época. O jornal Última Hora tinha como grande inimigo Carlos Lacerda, o crítico dos governos de Vargas e de João Goulart. Ao mesmo tempo, o jornal teve apoio de empresários como o Francisco Matarazzo de São Paulo e o Banco Moreira Salles de Minas Gerais.

O Última Hora inovou usando muitas fotos, várias páginas de esportes e futebol. Em relação aos jornais da época, tinha visual leve, era atraente e fácil de ser lido. Apresentava conteúdo sobre teatro, cinema e tinha uma coluna social que mostrava pessoas e acontecimentos da zona norte do Rio de Janeiro, a área popular da cidade. Também trazia notícias sobre o movimento sindical e direitos dos trabalhadores.

O Última Hora era considerado um jornal inimigo dos setores conservadores da sociedade. Com o golpe civil-militar de 1964, foi invadido, perdeu publicidade e enfraqueceu. Wainer precisou sair do país e, anos depois, em 1972, vendeu o Última Hora. Era o fim de uma era do jornalismo político e popular.

Texto: Célio Losnak
Locução: Jaqueline Casanova e Giovani Vieira

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